Músicas

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fim ou Começo




Eu desejo a você e a mim, menos astrologia e mais astronomia, menos buquês e plástico e mais caqueiros e plantas, menos esteiras e mais caminhadas na rua, menos histeria e mais silêncio, menos silêncio e mais música, menos ar-condicionado e mais ar fresco, menos frescura e mais curtição, menos claustrofobia e mais liberdade, menos separação e mais pés juntinhos no cobertor, menos lágrimas e mais sorrisos, menos frieza e mais sensibilidade, menos cortesia e mais sinceridade, menos acenos e mais abraços, menos conhecidos e mais amigos, menos máquinas e mais mãos, menos conceitos e mais fé, menos baderna e mais amadurecimento, menos "levar-se tão à sério" e mais humor, menos limites e mais respeito, menos papéis-de-parede e mais passeios, menos casa e mais viagens, menos trabalho e mais casa, menos correria e mais família, menos cama e mais "não deixar-se parar", menos problemas e mais soluções, menos de você (de mim) e mais de você (de mim)... e mais sonhos e mais realizações e mais chão e mais asas e muito mais mundo...



Lays Silva

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Cadência


Antes de dormir, fiz preces. Fechei meus olhos, respirei fundo e... Soltei todo ar que confinei em meus pulmões. Simplesmente olhei as estrelas acima e me perdi. Cantarolei algo e adormeci, com a certeza de que existiria um amanhã, como uma vidente barata. E se aquele fosse realmente o meu último dia, a minha última chance... eu realmente estaria em paz. Sem legados, sem preces, sem pressa.  


Lays Silva

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

À la Édith Piaf

- Faça tudo exatamente igual!
Eu disse a mim quando me encontrei (essas máquinas do tempo são "uma boa", mas não me servem)

Lays Silva

"Voralizar"

Entrou pelos ouvidos feito sibilo ruidoso, e se apossou do tudo nada que havia naquele ser.
Foram gritos exacerbados e vociferados que tomaram em ondas o vazio espaço ocupado.
Mas esses eram tomados cantos, risos.
Eram prantos desesperados, chorosos, com gosto escarlate e cheiro rubro.
Era a LIBERDADE

Lays Silva

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Oceano

Tudo esta submerso, alagado, mergulhado; procuro, mas não vejo chuva alguma. Porém constato o óbvio: me observo por dentro; esqueci de abrir a torneira dos olhos, o oceano que se formou, preenche agora o vazio do ser infinito. Talvez eu morra afogada, ou ilhada nesse aguaceiro.

Lays Silva

Fato

Meu coração pode despedaçar-se, posso estar em frangalhos, destroçada, caída, minha alma pode estar púrpura e meus olhos negros, mas ainda assim; o sol brilha lá fora, ainda venta lá fora, e há vida também.

Lays Silva

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lançar-se

Fotografia por: Noam Galai 


Ouço vozes que chamam meu nome, e batidas na janela em noites de chuva.Com os olhos fechados, ouço músicas cantaroladas em meus ouvidos ou canções irreconhecíveis em vitrolas antigas. Uma voz sussurra -poemas identificáveis, palavras vomitadas, mal ditas, malditas, com um timbre cansado entrecortado e este  tão afável que acaricia - meus ouvidos com seu hálito quente, fervente. E meu coração aquece-se borbulhando o líquido escarlate em meu corpo, queima meu peito. São segundos intermináveis antes de abrir os olhos e perceber que: Não é ninguém (?). Aliviada, perplexa, frustrada, volto aos meus infindáveis sonhos densos, enquanto nada (?) atormenta meu sono.

Lays Silva

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Era o mundo

Quadrinho: Laerte

De repente abri os olhos. Fui pega de surpresa. As lágrimas marejavam, não apenas os olhos. A alma transbordava, com o medo - que parecia tomar conta do ser- fechei-os, tão rápido quanto pude. E era incapaz de abri-los outra vez. O que vi foi tão perturbador, inquietante e ao mesmo tempo -paradoxalmente- maravilhoso. Deparei-me com algo tão grandioso, mas que eu sentia, que poderia caber totalmente em meu peito tão pequeno, que tudo, tão imenso, caberia perfeitamente acomodado em mim, sem apertos. Foi quando descobri que eu era mais do que pensava ser, e por traz dos olhos fechados, tudo era maior do que poderia enxergar, e que mesmo não tendo a mínima noção da sua dimensão, conseguiria abraçar tudo e ninar em meus braços esse tal de infinito. Meu coração tornou-se o que vi. Tornou-se orbe, novamente os abri - os olhos e a mente. E fui de encontro ao MUNDO.

Lays Silva 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Depois de tudo



Só me resta olhar o céu....  ser envolvida pelo manto negro ou azulado, vez ou outra colorido ou pontilhado. Esperar dele a chuva ou a brisa, até mesmo o temporal. E como me perco naquela imensidão e como sou devorada pela sua infinidade. Seu mistério é paradoxal. E nada mais tem sua igualdade.

Lays Silva  

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pipoca com gosto de saudade...



  Observava-o. Era incrível: quando estava concentrado fazendo algo, voltava toda a sua atenção ao seu objeto/objetivo. Eu sentia seus olhos carregados, e sua respiração ofegante, lenta, que, no completo silêncio, poderia ser ouvida a alguns passos de distância. E apenas observava-o. Meus olhos inocentes na pessoa a  frente, eu, esperando apenas uma brecha e um pouco daquela atenção.
 E ele virava-se para mim, aqueles olhos, não me lembro direito se eram grandes ou pequenos, mas lembro-me da dimensão de seu olhar, parecia-me que sabia ler pensamentos. Claro que naquela época eu não enxergava as coisas, desse jeito, mas a saudade e a espera, fazem a gente ficar bobo e lembrar-se das coisas de um jeito diferente, de um jeito que nem sabíamos existir:

- O que é "buguela"?
E eu com a expressão vitoriosa, de finalmente ter o que pedia
- Nada vovô... Eu quero pipoca!- ele me sorria
- Pega o milho lá!
E finamente, a criança mais feliz do mundo, saboreava a pipoca mais deliciosa deste. Enfim eu aprendi como fazê-la, mas eu ainda preferia a do velho. O mimo do vovô

Lays Silva

Nota: Saudade é esse sentimento em vórtices. Vem sem a gente pedir, sem querer-mos, e além de chorar vamos expressando-a do jeito que podemos. Certo vovô?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Fantasiada de poesia

Esse coração vagabundo...
                                SÓ faz poesia barata...
Se é que isso lá é poesia. Deve ser só prosa fardada.

Lays Silva

Cabe aqui, UM MUNDO



Cabe a mim amar, o que simplesmente amo.
Cabe em mim amor, o todo e o exceto, o não saber ao certo.
Cabe enfim encontrar, o que já se perdeu, o que já foi meu, o que já foi dito.
E aqui dolorido, espremido, esse amor maltratado sobrevive sofrido.
Mas cabe aqui, nesse esquerdo, também o destro, o mundo e todo o resto.
Cabe aqui , o que cabe alí. Cabe até esse tal de infinito.
Ah coração maldito! Vou ter que te carregar nas costas.

Lays Silva   

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Só e só...

Fotografia (fontes e/ou autoria desconhecida(s))

Estou só...
Vivo só- lapada nesse mundo meu. Nesse mundo só-rdido
Fizeram-me só - rtilégios, para  em vida eu ser só - zona - zinha
Estou solit -er-ária,
So- in -lícita
Minha melodia só-rtida é tocada em so-nhos-l, cantada s- ustenid -ó 
E essa sóli-dão-da soli-da-dão por mim sentida, por vós sois só lida.

Lays Silva

segunda-feira, 2 de maio de 2011

[Dor]mência

 Fotografia (fontes e/ou autoria desconhecida(s))


Meus olhos também choram, choram como o céu. Deságuam nuvens carregadas, de meus sentimentos nublados, e eu solto trovoadas urradas de minha garganta, minha alma relampeja, e meu corpo se eletrifica, feito um raio vivo, que faz meu coração também chorar, mas esse chora rios de sangue quente escarlate fazem meu corpo todo pulsar, e eu o ouço bater, aquecer-me, enrubescer-me. Torno-me um vórtice de sensações, despertando-me dessa letargia incómoda. Eu sofro, eu vivo.

Lays Silva

domingo, 24 de abril de 2011

Existência!



A gente vai por ai, existindo.
Deixando pedacinhos de nossos sonhos serem levados pelo vento, apagados pelo tempo.
E a vida passa.
E a gente vai vivendo, apredendo, evelhecendo...
E fantasiando, principalmente, por que, lá no fundo, ninguém gosta da realidade.
Vamos escrevendo o nosso próprio livro, realizando-nos em contos, pintando nossa própria tela, cineastras da realidade inventada, cantada, valssada, sonhada.
Machados, Picassos, Almodóvar's, Caetanos...
Não!
Nada disso, desses e aqueles.
Sendo o que simplismente queremos ser.
Nós mesmos.

Lays Silva

Plena



Sentir-me assim, para sempre, com aquele sentimento de sucesso, de felicidade, de dever cumprido, tendo, apenas, acordado e dormido. Sentir-me rainha do mundo, estando de pijama, rindo de um filme bobo na TV. Escrever minhas bobagens, e achar ser a mais nova poetisa do século. Sentir o sol logo pela manhã, e , perceber a vivacidade em mim. Sentir que nada me faria mais feliz do que estar aqui, ou ali, vivendo, mesmo com as dificuldades, mesmo que eu cresça, envelheça, padeça, mas ter a certeza de que simplismente vivi, de que fui ao fundo do poço que há em mim,que me descobri, e que não pude desvendar o mundo, mas que tentei. E, absolutamente, sentir-me agradecida, pela existência que me fora concedida.

Lays Silva

terça-feira, 12 de abril de 2011

...



O corpo gritava, - nos olhos, nos toques e gestos-, em um protesto mudo, não sabia como vocalizar sua angústia. Era como se sua boca, fosse tapada, sufocando com ela os berros de horror, medo, dor, aflição, agonia, e depois de um tempo, até mesmo a própria alegria. Tornou-se impassível a tudo a todos, a ela, a seus próprios sentimentos. Estóica, austera. E se antes ficava alegre por nada, e triste por motivo algúm, hoje mostrava-se dura, na verdade não mostrava nada, fora degolada, estrangulada, esquartejada, enjaulada e ela própria arrancou os olhos, costurou os lábios, tapou os ouvidos, e viveu, e sobreviveu, sem ter, ao menos, a chance de berrar, como fera faminta. Morreu de fome.

Lays Silva

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"...e viveram felizes para sempre..." {O 'para sempre' não é mais como antes!}

'Os monstros 'embaixo da cama agora me fazem tomar chá com biscoitos antes de dormir, meu 'Anjo-da-Guarda' joga cartas com o 'Bicho Papão', o monstro do armário? Esse não deixa nem que eu toque nas roupas, tem mania de perfeição e organiza tudo por cor, 'Papai Noel' foi pras Bahamas, 'coelhinho da páscoa' comeu meu chocolate, o amigo imaginário arranjou namorada imaginária e foi viver a vida, a bruxa agora dá aulas de voo na vassoura para duendes e ensina as fadas a fazerem sopa, o 'homem do saco' cansou de viver como mendigo, abriu uma loja de departamento, loja essa onde o 'Chuck' foi vendido na liquidação. O príncipe, coitado, chora, a fuga da princesa com o 'Lobo mau' (não pela princesa), as 'assombrações da noite' decretaram greve e, no momento, só trabalham de manhã. Cadê, o buraco da Alice, pra eu me enfiar? Esquece! Virou depósito de lixo. E o herói bondoso pra me salvar? Apaixonou-se pelo vilão, e foram viajar pela Europa, Chapeuzinho é delinquente, lobisomem virou cachorro de estimação de madame, Saci, a conselho da Iara, colocou prótese, Peter Pan cresceu, agora é pai de família, Pequeno Príncipe entrou em depressão, morreu a sua rosa... E viveram felizes para... Sempre?  


Lays Silva

quarta-feira, 16 de março de 2011

Nua


Audrey Kawasaki



Despiu-se de tudo... Roupas, máscaras, armaduras...
Agora, sentia-se nua ...
Sentia-se crua
Cada sentimento, em carne viva, massacravam-na, na pele, no corpo, na alma...
Sentindo, aprofundando, desvendando um 'eu-lírico', nela, completamente desconhecido.

Lays Silva

sábado, 12 de março de 2011

Infinito Particular




Agarrei meus pássaros e pus-me a voar.
Capturei meus balões e coloquei-me a flutuar.
Balbuciei meus sonhos, para lá e para cá.


...A mercê do vento, a favor da vida, sugada na brecha dos meus devaneios...

Lays Silva

Antíteses & Paradoxos


E ao longe,
vi de perto,
os olhares profundos,
de olhos rasos.


E escancarada,
enxerguei,
a alma escondida.
E senti extravasar
a pessoa contida...


Lays Silva

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Estranhos


'E'la pensava, sentada, no banco de uma pequena praça, de uma cidade medíocre.
'E'le a viu, a curiosidade resolveu adentrar-lhe, passou a observá-la. 
E durante horas fincaram bandeira, os dois, alí, a 'P'erdida, navegando em pensamentos e o 'B'isbilhoteiro, pura e somente a examiná-la, minuciosamente.
Num movimento súbito, 'A'quela, levantou-se. De pé, ergueu os braços, meneou a cabeça e deixou que o vento a conduzisse.
Um tanto lívido, o 'E'spantado decidiu interromper os passos 'valssados', que a 'P'irada resolveu ter com o nada. Ruborizado aproximou-se, e a 'tal' 'A'lienada, soltou-lhe um olhar inexpressível, o 'A'tormentado fez careta de quem havia sido pego fazendo traquinagem.
A 'L'ouca o agarrou pelo braço, e convidou-o a dançar.

- Onde? Aqui? No meio da praça?

- Sim, algo contra? - Dando-lhe as mãos.

- Que música? - ela sorriu em resposta

- A tua, a minha, a nossa...

A 'D'esorientada, em um solavanco puxou o 'D'esnorteado, para junto, e pusenram-se a dançar e depois...

... Talvez alçassem voo, talvez passearam no universo, talvez nadaram entre as estrelas... É, talvez...
  

Lays Silva

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Singelo

Quadrinho: Liniers


Ouvi, o som finalmente, senti o arrepio, meu tato aguçou-se e, de repente, sensível a tudo. Olhos fechados, e as unhas - antes deixadas crescer- não existiam mais, e um súbito nervosismo ansioso, receoso estampou-se em rubor. Finalmente podia ouvir, sentir, gritar, e fez-se. GRITEI. Acordei do que, há muito, adormeci, mesmo tampadas as gudes, enxerguei. Não apenas mirava, sentia, com todos os membros. E o mais pueril tornou-se urgênte agora, com a mesma urgência que meu ser pedia por liberdade. Já podia cantar, mesmo não tendo a mínima vocação, e fazia-o sem medo ou vergonha, era o que ansiava, era o que desejava, era de música que gostava; gosto. Se é de canto, de dança ou de grito que necessito, não espero que deixem; faço. É simples, é veemente. E se é simples é tudo, pois o simples é o que há de necessário.


Lays Silva