Músicas

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lançar-se

Fotografia por: Noam Galai 


Ouço vozes que chamam meu nome, e batidas na janela em noites de chuva.Com os olhos fechados, ouço músicas cantaroladas em meus ouvidos ou canções irreconhecíveis em vitrolas antigas. Uma voz sussurra -poemas identificáveis, palavras vomitadas, mal ditas, malditas, com um timbre cansado entrecortado e este  tão afável que acaricia - meus ouvidos com seu hálito quente, fervente. E meu coração aquece-se borbulhando o líquido escarlate em meu corpo, queima meu peito. São segundos intermináveis antes de abrir os olhos e perceber que: Não é ninguém (?). Aliviada, perplexa, frustrada, volto aos meus infindáveis sonhos densos, enquanto nada (?) atormenta meu sono.

Lays Silva

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Era o mundo

Quadrinho: Laerte

De repente abri os olhos. Fui pega de surpresa. As lágrimas marejavam, não apenas os olhos. A alma transbordava, com o medo - que parecia tomar conta do ser- fechei-os, tão rápido quanto pude. E era incapaz de abri-los outra vez. O que vi foi tão perturbador, inquietante e ao mesmo tempo -paradoxalmente- maravilhoso. Deparei-me com algo tão grandioso, mas que eu sentia, que poderia caber totalmente em meu peito tão pequeno, que tudo, tão imenso, caberia perfeitamente acomodado em mim, sem apertos. Foi quando descobri que eu era mais do que pensava ser, e por traz dos olhos fechados, tudo era maior do que poderia enxergar, e que mesmo não tendo a mínima noção da sua dimensão, conseguiria abraçar tudo e ninar em meus braços esse tal de infinito. Meu coração tornou-se o que vi. Tornou-se orbe, novamente os abri - os olhos e a mente. E fui de encontro ao MUNDO.

Lays Silva 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Depois de tudo



Só me resta olhar o céu....  ser envolvida pelo manto negro ou azulado, vez ou outra colorido ou pontilhado. Esperar dele a chuva ou a brisa, até mesmo o temporal. E como me perco naquela imensidão e como sou devorada pela sua infinidade. Seu mistério é paradoxal. E nada mais tem sua igualdade.

Lays Silva  

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pipoca com gosto de saudade...



  Observava-o. Era incrível: quando estava concentrado fazendo algo, voltava toda a sua atenção ao seu objeto/objetivo. Eu sentia seus olhos carregados, e sua respiração ofegante, lenta, que, no completo silêncio, poderia ser ouvida a alguns passos de distância. E apenas observava-o. Meus olhos inocentes na pessoa a  frente, eu, esperando apenas uma brecha e um pouco daquela atenção.
 E ele virava-se para mim, aqueles olhos, não me lembro direito se eram grandes ou pequenos, mas lembro-me da dimensão de seu olhar, parecia-me que sabia ler pensamentos. Claro que naquela época eu não enxergava as coisas, desse jeito, mas a saudade e a espera, fazem a gente ficar bobo e lembrar-se das coisas de um jeito diferente, de um jeito que nem sabíamos existir:

- O que é "buguela"?
E eu com a expressão vitoriosa, de finalmente ter o que pedia
- Nada vovô... Eu quero pipoca!- ele me sorria
- Pega o milho lá!
E finamente, a criança mais feliz do mundo, saboreava a pipoca mais deliciosa deste. Enfim eu aprendi como fazê-la, mas eu ainda preferia a do velho. O mimo do vovô

Lays Silva

Nota: Saudade é esse sentimento em vórtices. Vem sem a gente pedir, sem querer-mos, e além de chorar vamos expressando-a do jeito que podemos. Certo vovô?