Fotografia: Fonte e autoria desconhecidos
Talvez,
e muito provavelmente, está carta nunca chegue até você, pois é com grande
pesar que digo que te amo. Com grande pesar não, apenas, por você não ter o
mínimo conhecimento desse meu sentimento tão, fortemente, guardado; pesar por
eu chamar de amor algo que machuca e fere, porque se faz doer não poderia ser
chamado de amor - se este está aqui tão somente para fazer feliz. Machuca e fere
não por culpa tua e sim minha; eu que levei tão à sério algo platônico e, se
quer, tive a coragem de dizer o que se passava em mim. Algo em você instalou-se
em mim e ganhou proporções de você inteiro. Eu não faço a menor ideia dessa
parte tua que me deixou tão encantada e hoje não sei dizer qual parte não me
encanta. Por isso rezo todos os dias para que sejas plenamente feliz, para que
encontre algo recíproco, que tenha a coragem de ir atrás dos teus sonhos, do
teu amor, pois nada mais posso fazer por ti; rezo também para que encontre
outra morada que não esse meu torto coração; e para não ser tão masoquista,
rezo para que eu encontre forças para ir atrás do meu amor e da minha
felicidade, que não seja hoje, mas que com o tempo. Porém não me arrependo do
sentimento que nutri e isso significa que não sou tão seca e fria quanto
pensava eu ser em si tratando de amor. Este sentimento passará se não
cultivado, como tudo que é esquecido, porém mais ou menos dia, lembrarei - como
lembro cada coisa única que já passou por essa caminha que é meu ser - e será
lembrado com o carinho de algo que se tornou infinito enquanto lançado ao
tempo, enquanto existiu.
Lays Silva